sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Diário do câncer 18 - radioterapia e imunoterapia

Na semana passada, comecei mais uma etapa do tratamento do câncer de mama: a radioterapia.

Mesmo com a quimioterapia e a cirurgia tendo sido bem-sucedidas, o tratamento não acaba nelas. Há pelo menos mais duas etapas, no meu caso: a radioterapia e a imunoterapia. 

Comecei a tomar as doses da imunoterapia ainda em janeiro. Serão quatro doses, até o final de maio. Inicialmente seriam nove, a cada três semanas. Devido a uma viagem e ao meu interesse em ir para uma clínica de reabilitação ao final do tratamento, os médicos adotaram uma outra possibilidade permitida, ou seja, a cada seis semanas. 

Já a radioterapia começou na semana passada. Antes de começar, fiz uma tomografia computadorizada e recebi quatro "tatuagens", quatro pontinhos, que parecem terem sido feitos com uma caneta, sendo dois nas laterais do corpo e dois na barriga. Na primeira sessão, os enfermeiros desenharam com canetinhas onde a radiação iria pegar. Essas marcações são refeitas quase todos os dias, pois minha pele absorve a tinta bem fácil - e talvez também porque tomo banho todos os dias. 

Hoje de manhã, fiz a nona sessão. Ao todo, serão 25, durante cinco semanas. As sessões ocorrem todos os dias de semana. No fim de semana, a pele descansa das radiações. 

Por enquanto, está indo tudo bem. Os efeitos colaterais mais comuns são cansaço e ressecamento e/ou queimadura da pele. Perguntei ao médico o porquê do cansaço, não parecia fazer muito sentido para mim. Ele me explicou que a radiação mata células. O objetivo é eliminar células cancerígenas que ainda estejam eventualmente nos linfonodos que não podem ser retirados em cirurgias ou que não foram afetados pela quimioterapia. É uma prevenção. Como mata células, o organismo precisa gerar novas e isso causa o cansaço, esse trabalho extra, por assim dizer. 

Quanto à pele, o que notei até agora é que ela fica mais quente logo após a sessão e está levemente mais escura no local que recebe a radiação, mas nem vermelha nem sensível, um pouco bronzeada. Hoje, por precaução, fui conversar com a enfermeira que orienta e atende quando há algum problema. Há quem fique com feridas no local. Ela avaliou que está indo tudo bem e que não preciso fazer nada.

Antes de começar, vi alguns vídeos de pacientes sobre o tema. No Brasil, os médicos logo já passam um creme ou uma pomada e ensinam truques - desde colocar folhas de repolho para absorver o calor da pele até fazer compressas de chá de camomila. Aqui, a recomendação é simplesmente não fazer nada - sem cremes, sem pomadas, assim como não usar desodorante, perfume ou qualquer produto que possa "ajudar" a queimar a pele. Como está indo tudo bem, resolvi adotar a postura alemã. A única coisa que estou fazendo é beber muita água ao longo do dia. Algo que não tem contraindicação - eu acho.

Ontem eu cronometrei a sessão. Entre tirar a parte superior da roupa, esperar a enfermeira me chamar, ajustar o aparelho, tomar a radiação e recolocar a roupa, foram 11 minutos e 29 segundos. Demora mais para ir e voltar. Como as sessões têm sido pela manhã - hoje foi às 7h15! -, tenho aproveitado para fazer uma caminhada depois. Quando é bem cedo, vou tomar café. As manhãs têm sido bem agradáveis, especialmente porque a primavera está chegando, fevereiro está dando um show com dias bonitos e estou me sentindo bem e feliz.

4 comentários:

Lud disse...

Bom demais, Rafa, que o tratamento esteja correndo com tranquilidade e você esteja bem e feliz. Ser jovem e saudável com certeza ajuda.

E enquanto isso a primavera ameaça chegar. Já temos Schneeglöckchen dando as caras por aqui.

Beijos!

Rafaela disse...

Oi, Lud. Aqui também já vi algumas Schneeglöckchen, mas ontem, por exemplo, estava tão frio, que elas estavam todas viradinhas para baixo, como se tristes. :-)

Andrea disse...

Oi, Rafaela! Que bom que o tratamento está indo bem!! Concordo com a Lud que "ser jovem e saudável com certeza ajuda".

Acho que faz sentido sentir mais cansaço, deve ser uma luta intensa dentro do corpo. E olha, não sabia que a radioterapia era assim! Fui ler mais no INCA (eles não recomendam banho prolongado pra não sair a marcação :D) e é um processo bem complexo mesmo. (Faz a gente pensar em como chegaram nesse tipo de tratamento né? Quantos estudos, técnicas, testes etc foram necessários...)

Quanto ao post anterior, Schwäbisch Hall (ctrl C + ctrl V, óbvio) com aquele céu azul lindíssimo não me engana! Senti o frio daqui!!! XD

Fique bem! :*

Rafaela disse...

Oi, Andrea! Obrigada pela sua mensagem. :-)
O material do INCA é bem explicadinho e aqui é feito exatamente da mesma forma. O que ouvi em alguns vídeos sobre a radioterapia, é que é uma terapia oferecida há quase 100 anos - desde 1930. No começo, a pele sofria muito, queimava literalmente. Nas últimas décadas, os aparelhos evoluíram muito e está bem mais tranquilo.
O frio continua, mas os brotos nas árvores já estão trazendo esperança.
Beijo e obrigada!

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