Lembramos do que queremos e da maneira que queremos normalmente. Em algumas das minhas lembranças da infância chovia. As águas da chuva que escorriam pelas ruas de Esmeralda ou eram bem clarinhas ou eram barrentas. Quando eram clarinhas, eram ideais para se brincar na rua, soltando na correnteza qualquer coisa que pudesse ser imaginada como um barquinho. Em uma das casas em que moramos, os barquinhos eram de papel mesmo e costumavam naufragar tão logo fossem inundados por algumas gotas.
Dias de chuva também me lembram bolo, especialmente um de amendoim que a minha mãe fazia. Chamava-se fregolá. Primeiro torrava-se os amendoins, sendo a cada invadida por aquele cheiro bom de amendoim torrado. Depois, vinha a tarefa de descascá-los. Em questão de hora, haviam todos virado bolo. Sinto o cheiro agora. Era tão bom, mas ninguém comia bolo recém-assado, pois podia fazer mal. Então, era preciso achar o que fazer até que esfriasse um pouco.
Outra lembrança é de passear espremida em uma gaiota, uma espécie de carrinho de mão construído pelo próprio irmão, com direito até a cobertura. A gaiota era manobrada por ele ou algum de seus amigos adolescentes da época – invariavelmente o André. Algum acidente sempre aconteceria, mas tudo bem. No final das contas, ficam mesmo as lembranças boas.
Este blog já se chamou Cenas do Rio na época em que morei no Rio de Janeiro. O título nunca fez muito sentido, pois o Rio acabou nunca sendo o tema principal. Acho que o novo título, Uma vida em vários cenários, tem mais a ver neste momento. :) O endereço, porém, por ora, continuará o mesmo.
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