sábado, 4 de novembro de 2023

Uma viagem ao frio

Estou no Brasil faz três dias. Depois de quase 30 horas de viagem, cheguei à casa da minha mãe. No dia em que peguei o avião na Alemanha, ela me escreveu contando que estava com covid, havia feito o teste uns minutos antes. Fiquei em um dilema, sobre ir para um hotel nos primeiros dias ou vir direto para casa. Afinal, ela precisava de alguém para lhe cuidar.

Acabei vindo para casa. Estamos as duas de máscara, conversando de longe. Comprei máscaras, álcool em gel, luvas descartáveis e testes. No primeiro teste, a marquinha estava bem forte. No de hoje, ainda aparece, mas bem mais fraca. Eu continuo ilesa e espero que continue assim. 

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Eu planejei essa viagem lá por agosto. Gostaria de fazer uma pequena viagem com a minha mãe. Inicialmente, havia pensado no Uruguai, mas ela não estava muito bem e acabei não programando nada. No final, foi até melhor. Se ela melhorar até a semana que vem e se eu não estiver infectada, pensamos em ir a Gramado. Vamos ver se vai dar. 

Nesta semana, vou à médica aqui. Quero fazer todos os exames de sangue possíveis, tudo que na Alemanha é tão difícil.

Eu tinha planos de visitar algumas amigas, mas cancelei tudo. Acho que desta vez ficarei mesmo somente por aqui.

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O gato da minha mãe é totalmente dedicado a ela. Fico impressionada. Quando tínhamos a Mima, sempre que eu ou a minha irmã vínhamos para cá, ela simplesmente ignorava a minha mãe e só ficara ao nosso redor. Agora, o Fafá é que faz isso, mas com ela. Não está nem aí para quem chega. Afinal, no resto do tempo são só os dois em casa. 

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Está um frio danado aqui. Quando perguntei pra minha mãe, ela me disse: está quente... Agora estou aqui com os pés gelados. Tomara que melhore.


Às vezes, parece ser melhor ser alienada

Escrevi os primeiros dois parágrafos faz um tempão, acho que um mês:

O mundo está sempre em uma convulsão louca, mas há momentos em que parece que piora. Confesso que estou preferindo viver de forma alienada, dentro do possível. Não que em algum momento eu tenha tomado conhecimento mais aprofundado sobre temas de política global. Acesso diariamente pelo menos seis jornais diferentes, do Brasil e da Alemanha, mas o que obtenho são apenas informações superficiais, que já me deixam muito nervosa.

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Estive de férias por duas semanas. Voltei bem descansada ao trabalho. Na primeira semana, fui para o norte da Itália. Viajei de trem, via Munique e Innsbruck. Que viagem linda de trem. Há momentos em que parece que você está dentro de um daqueles filmes bem feitos de turismo, com montanhas ao fundo, casas bonitas com flores nas janelas, vaquinhas pastando no verde.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Elucubracoes sobre uma muda de roupa

Hoje estou vestindo a mesma roupa de cinco anos e pouco atrás, a mesma que usei para a entrevista de emprego na biblioteca. É quase como uma roupa de ir à missa. Simples, mas na qual me sinto bem. Nada aperta, não é quente e não é tão fresca. Ou seja, boa para um dia de aniversário.

Ao perceber minha escolha, pensei em várias coisas.

Primeiro: em cinco anos não comprei nada que substituísse essa dupla de calça e blusa. A calça comprei no dia da entrevista, umas horas antes. A blusa ganhei de uma ex-sogra. Ela havia recebido um presente de uma loja cara no Rio que só vendia tamanhos pequenos. Como não conseguiu encontrar nada para ela, me deu a roupa para trocar por algo para mim. Eu não sou muito consumista, tenho poucas roupas, mas todas bem simples. Se fosse convidada para algo mais chique hoje, provavelmente não teria algo mais requintado para usar. De qualquer forma, diria que meu guarda-roupa é adequado ao meu (baixo) nível de cuidados com as roupas.

Segundo: constatar que minha “roupa de ir à missa” está em ótimo estado e já tem cinco anos e meio me ligou o alerta. Aquela coisa de guardar as loucas bonitas para as visitas, sabem? Por que deixo essa roupa para usar somente quando acho que a situação é especial? Quando ela, na verdade, não tem nada de tão especial assim. Hoje de manhã quase fui na direção do jeans com camiseta, mas depois de segundos de indecisão, considerei que poderia usar as duas peças. Afinal, hoje é um dia especial.

Terceiro: tive um momento de felicidade ao perceber que, apesar de tudo que passei, minhas roupas sempre me servem.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Diversos

Hoje fui ao dermatologista, minha primeira vez aqui. Bom, a consulta foi relâmpago como a de qualquer outro médico. Eles parecem sempre estar com muita pressa, mesmo que nao haja mais pacientes a serem atendidos. Dois médicos olharam todas as pintas e marcas do meu corpo. Chegaram à conclusao de quem nao há nada de errado na pele. Apesar disso, quiseram fotografar uma mancha no pé. Ela já está ali há pelo menos 20 anos. Daqui a dois anos, quando eu voltar para novo controle, usam a foto para ver se houve modificacao.

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Coloquei recentemente dois lembretes na minha mesa do trabalho: 

    1. Lembre-se de tomar água!

    2. Faça tudo mais devagar, com mais atençao. 

Esse segundo ponto tem sido minha meta nas últimas semanas. Fazer tudo mais devagar. Pra que a pressa?! Eu costumo andar rápido na rua, trabalhar rápido, limpar a casa rápido. Comecei a me questionar para quê? Grande parte das coisas posso fazer mais devagar, olhando ao redor talvez, respirando. 

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Há algumas semanas, o gramado aqui do trabalho parecia ter morrido. Dava para ver a terra preta, como se tivesse sido incendiada. Agora, depois de um mês de chuva, tudo já está verdinho de novo.

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Outros hábitos que gostaria de desenvolver seriam:

- comer uma fruta pelo menos todos os dias

- passar protetor solar no rosto e nas mäos mais de uma vez por dia. Passo pela manhä e acho que deveria passar pelo menos depois do almöco

- aprender algumas palavras novas todos os dias, em qualquer idioma

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Com trilha sonora

Eu adoro ouvir rádio. Foi o primeiro objeto que comprei ao me mudar para a Alemanha em 2018. Não sei por que demorei tanto para comprar um para o trabalho. O bibliotecário anterior tinha um. No último dia, ele me disse: vou lhe deixar a chaleira elétrica, mas levarei o rádio. Nos últimos cinco anos, ouço música na internet, com fones. Mês passado, porém, tomei a decisão de comprar um radinho, que não usa pilhas, mas tem uma bateria recarregável via cabo usb. Ah, a modernidade. Agora, posso ouvir música, notícias e comerciais sem precisar de fones. Tao libertador. 

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Uma vizinha do T. fez aniversário nesta semana. 65 anos. E decidiu comemorar com 65 horas de programação. Eu achei a ideia genial. Não são 65 horas ininterruptas, mas 65 horas divididas em vários eventos. Estou feliz por ter chegado a sexta-feira e poder ir a Baden-Baden para comemorar um pouco com o grupo. Hoje, haverá um churrasquinho. Amanha, uma visita a uma emissora de tv e rádio, a SWR, e mais tarde, cinema ao ar livre. O presente planejado pelos vizinhos compreende 12 encontros, cada mês um vizinho fará algo com ela. Em setembro, iremos a um winebar juntos.

Aliás, presentear experiências é uma prática bem comum aqui. Dado que todo mundo tem ou pode comprar praticamente tudo que quer, presentear coisas não faz muito sentido. Ultimamente tentamos dar presentes que nos incluem também, passar um tempo com a pessoa. Ano passado, fomos a um musical com os pais do T. Neste ano, fomos ao cinema com o sobrinho do meio. Todos ficamos bem felizes. 

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Parece que o verão resolveu voltar por mais um pouco. A partir de hoje, depois de quatro semanas de chuva, será um pouco mais quentinho. Ainda bem! Eu terei uma semana de férias no final do mês e estou superanimada. Feliz porque fará calor. 

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Meu cabelo está crescendo... e encaracolando. Estou achando lindo!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Vida de trabalhadora :)

A diferença para uma pessoa “normal” e uma que teve câncer é que a primeira não vai pensar que está tendo uma metástase a cada dor diferente que sentir. 

Eu voltei a trabalhar em tempo integral desde segunda-feira. Nas oito semanas anteriores, fui aumentando meu tempo gradualmente. Comecei com três horas e meia por três dias na primeira semana até chegar a seis horas por cinco dias na oitava semana. Foi bom ter feito assim, pois meu corpo foi se acostumando gradualmente ao ficar sentada, ao olhar o computador por horas, às idas e vindas de bike até o trabalho. Também foi um período necessário para me lembrar quais eram os comandos que usava para realizar algum tipo de tarefa – alguns estavam bem escondidos na minha memória. 

Nesse período, recebemos um ventilador para tentar combater o calorão que estamos vivendo. Confesso que depois de tantos anos no Rio nem acho tão quente assim, mas há dias que são mais difíceis. De qualquer forma, eu adoro o verão. Eu gostaria de fazer comentários/avaliações no Google sobre os lugares que visitei nas últimas semanas, mas não estou conseguindo encontrar o tempo para isso.

Outra novidade é que comprei um rádio. Gosto de ouvir música enquanto trabalho e usar fones acho tão desagradável.  

Desde que voltei a trabalhar em tempo integral e desde que faço ginástica e musculação duas vezes por semana, meus fins de tarde têm ficado meio curtos. Noto que estou indo dormir mais tarde do que gostaria também. 

Eu durmo rápido, para minha sorte, mas nem sempre tenho vontade de sair da cama tão cedo. Tenho acordado sempre às 6h45, mas talvez pudesse dormir até as 7h30 sem problemas. Eu só preciso estar no trabalho às 9h, mas sempre chego às 8h30, porque simplesmente não tenho mais nada para fazer em casa e vou para o trabalho.

Estou planejando três viagens ao mesmo tempo. Isso para mim é a pura felicidade.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Festa de verão

No último domingo, fizemos uma festinha aqui no prédio. Temos um grupo de WhatsApp e por ali trocamos avisos, pedimos ajudas (para alguém esperar por um pacote, receber flores, emprestar algo) e organizamos esses encontros de tempos em tempos.

Uma particularidade do meu prédio* é que nos mudamos todos no mesmo dia. O prédio é de 1890, mas foi comprado por uma instituição ligada à prefeitura e totalmente reformado internamente. A fachada é a mesma, mas dentro renovaram bem. No meu apartamento, ainda há as portas e janelas originais, que dão um ar bonito à construção. 

Quando a reforma ficou pronta, viemos todos juntos. Imagina a quantidade de caixas de papelão que havia no lixo! Levamos semanas para que a lixeira pudesse ser usada de forma regular. 

Já houve umas quatro ou cinco festinhas e mercados de pulgas. Eu participei até agora somente de duas, pois nas outras não estava em casa. Com exceção de quatro moradores, eu incluída, todos têm entre 25 e 30 anos. No ano passado, um casal teve o primeiro bebê. Por enquanto, a única criança por aqui.

Os encontros são bem animados e tranquilos ao mesmo tempo. Eu acho uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais dos vizinhos, falar dos nossos problemas comuns enquanto inquilinos e passar umas horas agradáveis em nosso pátio. 


* Meu prédio não é o único no terreno. Ele fica no pátio interno, mas há também um de frente para a rua e ainda mais dois apartamentos em cima de uma marcenaria que ocupa o térreo. Ao todo, são 14 apartamentos pequenos - ontem, havia pessoas de 10 apartamentos e mais uma funcionária da marcenaria. Do meu prédio, dos seis, estávamos em cinco, mas a sexta moradora nos deu um oi antes de sair com o namorado. 


Uma viagem ao frio

Estou no Brasil faz três dias. Depois de quase 30 horas de viagem, cheguei à casa da minha mãe. No dia em que peguei o avião na Alemanha, el...