Na semana passada, comecei mais uma etapa do tratamento do câncer de mama: a radioterapia.
Mesmo com a quimioterapia e a cirurgia tendo sido bem-sucedidas, o tratamento não acaba nelas. Há pelo menos mais duas etapas, no meu caso: a radioterapia e a imunoterapia.
Comecei a tomar as doses da imunoterapia ainda em janeiro. Serão quatro doses, até o final de maio. Inicialmente seriam nove, a cada três semanas. Devido a uma viagem e ao meu interesse em ir para uma clínica de reabilitação ao final do tratamento, os médicos adotaram uma outra possibilidade permitida, ou seja, a cada seis semanas.
Já a radioterapia começou na semana passada. Antes de começar, fiz uma tomografia computadorizada e recebi quatro "tatuagens", quatro pontinhos, que parecem terem sido feitos com uma caneta, sendo dois nas laterais do corpo e dois na barriga. Na primeira sessão, os enfermeiros desenharam com canetinhas onde a radiação iria pegar. Essas marcações são refeitas quase todos os dias, pois minha pele absorve a tinta bem fácil - e talvez também porque tomo banho todos os dias.
Hoje de manhã, fiz a nona sessão. Ao todo, serão 25, durante cinco semanas. As sessões ocorrem todos os dias de semana. No fim de semana, a pele descansa das radiações.
Por enquanto, está indo tudo bem. Os efeitos colaterais mais comuns são cansaço e ressecamento e/ou queimadura da pele. Perguntei ao médico o porquê do cansaço, não parecia fazer muito sentido para mim. Ele me explicou que a radiação mata células. O objetivo é eliminar células cancerígenas que ainda estejam eventualmente nos linfonodos que não podem ser retirados em cirurgias ou que não foram afetados pela quimioterapia. É uma prevenção. Como mata células, o organismo precisa gerar novas e isso causa o cansaço, esse trabalho extra, por assim dizer.
Quanto à pele, o que notei até agora é que ela fica mais quente logo após a sessão e está levemente mais escura no local que recebe a radiação, mas nem vermelha nem sensível, um pouco bronzeada. Hoje, por precaução, fui conversar com a enfermeira que orienta e atende quando há algum problema. Há quem fique com feridas no local. Ela avaliou que está indo tudo bem e que não preciso fazer nada.
Antes de começar, vi alguns vídeos de pacientes sobre o tema. No Brasil, os médicos logo já passam um creme ou uma pomada e ensinam truques - desde colocar folhas de repolho para absorver o calor da pele até fazer compressas de chá de camomila. Aqui, a recomendação é simplesmente não fazer nada - sem cremes, sem pomadas, assim como não usar desodorante, perfume ou qualquer produto que possa "ajudar" a queimar a pele. Como está indo tudo bem, resolvi adotar a postura alemã. A única coisa que estou fazendo é beber muita água ao longo do dia. Algo que não tem contraindicação - eu acho.
Ontem eu cronometrei a sessão. Entre tirar a parte superior da roupa, esperar a enfermeira me chamar, ajustar o aparelho, tomar a radiação e recolocar a roupa, foram 11 minutos e 29 segundos. Demora mais para ir e voltar. Como as sessões têm sido pela manhã - hoje foi às 7h15! -, tenho aproveitado para fazer uma caminhada depois. Quando é bem cedo, vou tomar café. As manhãs têm sido bem agradáveis, especialmente porque a primavera está chegando, fevereiro está dando um show com dias bonitos e estou me sentindo bem e feliz.